quarta-feira, agosto 30, 2006

Navique, S.A.R.L


Pois é depois (esta palavra lembra me um vizinho meu que dizia sempre 'despois' é tão fixe) de estar aqui a trabalhar há 3 meses finalmente dignei me a escrever qualquer coisa sobre o sítio onde trabalho, a NAVIQUE, diga se de passagem a melhor empresa de navegação de Moçambique e arredores. (Não fosse eu trabalhar cá e até podia ser a melhor de África, hi hi...)

Fica muito bem situada no porto da cidade de Maputo, bem tinha de ser né? senão onde é que atracavam os navios.
Os nossos navios chamam-se Songo e Pemba... Um bocadinho velhotes mas dado o mercado em que estão inseridos, são umas obras-primas...


Vim para trabalhar nas contas de escala (departamento em que já trabalhava em Lisboa) mas para além disso também já sou responsável pela agência de Maputo, claro que sobre a alçada do director comercial.

Tenho estado a amar para além da Navique ocasionalmente faço um ou outro serviço para as outras duas empresas do grupo, a TCM – terminal de cabotagem e a S&C, responsável pela gestão dos navios e das tripulações.

A coisa mais engraçada que já me aconteceu cá foi precisamente na S&C a primeira vez que lá fui o responsável pela empresa informou me que estava a chegar um navio se queria ir fazer a inspecção com ele, eu disse que sim (não sabia o que estava a fazer, claro!!!) eu tava de fato e saltos altos, passei a estar de macaco cor de laranja (três números acima – sim que os homens aqui são grande, pelo menos a maioria!?!) e de saltos (porque aqui não há sapatos que me sirvam uma vez quis comprar uns tive de mandar fazer por encomenda, pode?) agora estão a imaginar as figuras, mas foi super divertido.

Agora passo o dia todo a subir e descer escada, pode ser que perca uns quilitos, sim que já tou a ficar com um rabo enorme. (a comidinha cá é boa...)

Os meus colegas são uns porreiros, passo o dia a rir com as histórias que eles contam, em suma o mesmo que nos outros sítios todos em que trabalhei. Por falar em colegas não podia deixar de falar do informático da empresa, os computadores da agência estão sempre a dar o berro de tal maneira que tenho de estar sempre a telefonar-lhe para vir aos escritórios (é o único número daqui de Maputo que já sei de cor) falo com ele tantas vezes que até já conheço a mulher e a filha.

Em suma tá tudo a correr muito bem, espero ficar por cá mais uns tempos...

quinta-feira, agosto 24, 2006

Quase...


Não tenho nada de especial para contar ou mostrar, apenas desejo colocar aqui um texto de um escritor que adoro (melhor amo!?!) Para mim este texto resume tão bem o significado da vida e o modo como esta deve ser levada que não posso acrescentar mais nada... Leiam e dps digam me se gostaram... Beijos
"Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.

Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.

O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

(Autoria atribuída a Luís Fernando Veríssimo, mas que ele mesmo diz ser de Sarah Westphal Batista da Silva, em sua coluna do dia 31 de março de 2005 do jornal O Globo)

quarta-feira, agosto 16, 2006

Saudades

Pois bem amiguinhos após ter mudado de hemisfério e me transferido para Maputo, só consigo sentir saudades de três coisas que deixei para traz, a minha mãe (sim, sim eu sou uma menina da mamã), os meus amigos e Portugal, vendo bem sinto saudades de tudo.
Da minha mãe por todas as razões óbvias sempre vivi só com ela e apesar de por vezes ser dura comigo, nunca deixou de me apoiar para eu fazer aquilo que queria e alcançar os meus sonhos, mesmo quando isso me levou a fazer teste para a Escola Superior de Policia, à Força Aérea, a Nav ou mesmo a fazer mergulho, escalada ou sky diving, tudo coisas que ela odeia. (Sabem a minha mãe sempre quis ter uma menina para a transformar numa bonequinha e ao contrário daquilo que estava à espera saiu lhe uma que anda sempre metida em aventuras e quanto mais esquisitas MELHOR, acontece mãezinha!!!)
Dos meus amigos, especialmente de quatro meninas, que sempre me acompanharam durante os meus últimos anos tendo-se tornado as minhas melhores amigas: a Ana Filipa (13 anos), Ana Maria (21 anos), Marisa (7 anos) e Inês (10 anos). [O que está entre parênteses não é a idade delas mas sim o número de anos à que já nos conhecemos]
Quatro pessoas completamente diferentes mas que se aproximam de mim através dos vários aspectos da minha personalidade.
E Nacionalista como sou não podia deixar de sentir saudades de PORTUGAL, e dentro de Portugal sinto saudades em particular de duas cidades e uma vila, já que cresci entre as três, Queluz o sítio onde nasci, Sintra património mundial e sede de conselho, e por fim Lisboa capital de distrito e de Portugal.

Lisboa é a minha cidade de eleição, quem a conhece e a sua história não pode deixar de sentir um orgulho enorme por lá ter nascido, crescido, estudado, curtido, sofrido, chorado, mais profundo que o amor que nos pode ligar a alguém está o amor que nos liga ao sítio onde nascemos (se viram o E TUDO O VENTO LEVOU vão ver que a Scarlett O’hara concorda comigo, ou concordo eu com ela já que ela é mais velha).
De acordo com a mitologia Lisboa teria sido criada por Ulisses numa das suas viagens. Mas optando pela realidade e não pela mitologia foi criada pelo Fenícios no ano de 1200 a.C., ou seja, já tem 3206 anos o que a faz uma das cidades mais velhas da Europa (claro que nessa altura não se chamava Lisboa, mas este período não deixa de fazer parte da história).
Para além dos Fenícios por lá passaram Iberos, Celtas, Gregos, Romanos, Árabes (acho que eram de Marrocos, LOL) e por fim os Portugueses.
De entre os seus monumentos destacam-se o Castelo de São Jorge, a Sé, o Elevador de Santa Justa, elaborado por Mesnier du Ponsard discípulo de Eiffel, o Convento do Carmo, o Padrão dos Descobrimentos, a Torre de Belém … e tantos outros (este parágrafo parece saído de um guia turístico!?!).
Uma coisa é certa por mais anos que passem nunca esquecerei as luzes da cidade vistas do alto do Castelo de São Jorge, nem o som do Fado que saía de qualquer restaurante típico da região.




Sintra outra cidade que sempre fez parte da minha vida está rodeada de mistérios e encantos, cidade de palácios e castelos, ligada aos templários e à maçonaria, cada edifício parece saído de um conto de fadas.
Cheia de misticismo o que sentimos nesta “vila” património da humanidade não pode ser comparado àquilo que se sente em alguma outra parte do mundo.



E por fim Queluz, cidade que para além do palácio onde viveu D. Pedro e a rainha D. Amélia não tem nada para ver mas é onde fica a minha casa, é onde estão os meu amigos e a minha mãe, pelo que de todas as cidades, é o chegar a esta estação de comboios que me traz mais saudades.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Viver em Moçambique


Para um europeu viver em Moçambique é fantástico, primeiro porque é um país lindo em termos paisagísticos, coisa a que os países europeus só se conseguem equiparar por terem cidades mais antigas, com mais história (não me interpretem mal estou me a referir a um Moçambique enquanto nação soberana e assim sendo é um país novinho em folha com muito caminho para percorrer) e uma arquitectura fabulosa (eu adoro arquitectura). Em segundo porque o custo de vida neste país é muito baixo (para terem noção o salário mínimo é de 1500MTN o que equivale a 45€, ou seja o salário mínimo mais baixo da união europeia é seis vezes superior!!!)
Assim os artigos básicos são muito mais baratos que na Europa e os artigos mais convencionais são muito mais caros e muitas vezes de qualidade inferior, leis de procura e oferta. (Economia aquela cadeira que toda a gente detesta mas que tem uma aplicação bastante correcta e exacta).
Por exemplo vejam bem os preços de algumas coisas em Moçambique:
• 1 viagem de Chapa dentro da cidade – 5 MTN (0,15€);
• 1 viagem igual mas de Machimbombo – 3,5MTN (0,09€);
• 1 jantar para 4 pessoas na Marina (para mim um dos melhores restaurantes de Maputo) – 1500MTN (45€);
• 1 hambúrguer – 30MTN (0,91€);
• 1 Laurentina – 25MTN (0,75€);
• 1 maço de Palmar – 35MTN (1,06€);
Para terem noção aqui toda a gente tem empregada porque é baratíssimo algumas empregadas têm empregadas delas. LOL
Depois temos coisas que custam absurdos de dinheiro como um spray para o nariz que pode chegar a custar 1200 MTN (36,4€), tudo o que é importado é caríssimo assim como roupa de qualidade.
Enfim Moçambique apesar de toda a sua beleza é um país com poucos recursos naturais sem ser o turismo, enquanto não se apostar na formação do seu mais precioso recurso (as pessoas) irá se tornar um país de dualidades, a caminhar para o mesmo que o Brasil, ricos cada vez mais ricos pobres cada vez mais pobres.